segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Jornal Regional -16/12/2013







A margarina do Zé Dirceu
José Maurício Amendola

Durante quinze anos fui companheiro petista do hoje tão falado José Dirceu. Digo quinze anos porque foi o tempo que me transformei num vigoroso militante petista. Naquele tempo o PT era coisa séria, era uma idéia nova. Para eu me filiar e formar o PT em Ituverava tive que ler muito sobre a “literatura” petista, conforme me aconselhou Suplicy na época. “Pra ser petista é precisa ler a literatura do PT e aí você mesmo vai ver se é o PT mesmo que você quer”, disse-me Suplicy.
Li, gostei e fui aceito pelos lá de cima. Formei o PT em Ituverava, Guará, Miguelópolis, Igarapava, Orlândia e até ajudei em Ribeirão Preto e São Joaquim da Barra.
Após quinze anos de militância petista, enfrentando a tudo e a quase todos, comecei a ver que o PT estava começando a ser como os demais partidos políticos brasileiros. E vamos falar a verdade, se todos os partidos políticos são iguais não há necessidade de se filiar a um deles, pois todos eles, repito, todos os partidos têm gente boa, honesta, e tem gente ruim, desonesta, malandra, sem vergonha. Todos!
Eu tinha bom contato com Lula, Suplicy, Zé Dirceu e outros. Certa vez estava marcado um comício em Ribeirão Preto num sábado, por volta do meio dia, na Praça XV, defronte o Pinguim, em cima de um caminhão. Puxa vida, só estávamos nós do PT, não havia ninguém. O Lula resolveu: não tem ninguém, o que vamos ficar fazendo aqui, vamos embora, vamos almoçar, disse ele. Eu tive uma idéia: “por que não subimos no caminhão e vamos andando pelas ruas da cidade, falando ao povo, cada um vai falando um pouco”. Lula aceitou e fomos nós, cada um falando um pouco pelas ruas de Ribeirão Preto.
Depois fomos almoçar num restaurante da cidade e cada um pagou o seu.
Pois, bem, com o Zé Dirceu é que eu conversava mais. Ele me dizia que PT precisava se profissionalizar e não ficar só por conta dos militantes. Profissionalizar para ele era o PT contratar e pagar um pessoal para escrever nos meios de comunicação, nos “cartas dos leitores” e nos computadores.
Reconheço. O Zé Dirceu me salvou duas vezes: uma vez um prefeito quis fechar meu Jornal Regional e Dirceu conseguiu um jornalista profissional de São Paulo para salvar a minha situação. E outra vez ele arrumou um advogado de São Paulo para me defender na Justiça, pois outro prefeito também quis fechar o Jornal Regional. Arrumou um advogado em São Paulo porque nenhum de Ituverava quis pegar uma causa contra o então prefeito.
E as pressões contra este jornal continuam até hoje.
Mas vamos voltar ao Zé Dirceu. Algumas vezes ele alegava que “saí meio depressa de casa e esqueci meu dinheiro no outro paletó. Paga aí um café e sanduiche”. Eu só queria ver a cara dele no momento em que eu dissesse que também havia esquecido o dinheiro no outro paletó.
Um cara no balcão pediu um sanduiche com margarina e mortadela. O Zé Dirceu me perguntou se eu já havia visto fabricação de margarina. Respondi que não, então ele me alertou: “Se você um dia conhecer pessoalmente como se fabrica a margarina, você nunca mais come isso, de tão porca que é”. E esse porca ele disse um pooorrrca bem amineirado, e toda vez que passo margarina no pão me lembro dele e quase que a margarina me embrulha o estômago.
O interessante é que já são 10 anos que o PT está no governo federal e nunca ouvi falar que houve alguma proibição de fabricação de margarina no Brasil. Só escuto falar em corrupção. Uma pena...


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