sábado, 2 de março de 2024

Jornal Regional



               Não é fácil

Geralda Rodrigues da Rocha

Disseram-me que quando Deus fez o Jardim do Eden, Ele selecionou flores que necessitavam de poda e flores que não necessitavam. As flores podadas se sentiam cuidadas, fortes, superando os obstáculos e crescendo na sua missão... As flores que não sofriam nenhum tipo de poda sentiam-se inúteis e sem valor algum.

Certo dia, elas argumentaram com o Criador se não estavam sendo deixadas de lado... Ele respondeu a elas que o jardim teria de tê-las pelo perfume que elas exalavam e pela esperança que elas passavam a quem sofria a poda, pois estas sempre esperavam estar floridas como elas... e as corrigiu... já que elas não tinham problemas, fossem alegres e dividissem Alegria, o Perfume, a Esperança e a Fé,

Deus não deixou ninguém sem missão!!!

Não é fácil passar todos os dias essa felicidade e esse encantamento!!! Geralmente as pessoas que não sofrem podas, tornam-se egoístas e pensam que não carregam uma cruz...

Carregam, sim, uma cruz com flores coloridas, onde elas têm o dever de revelar no seu semblante a alegria, o encantamento, o otimismo, a beleza que a vida lhes oferece!!!

Desejo que você seja uma pessoa que, independente de problemas, passe ao seu semelhante a certeza de que Deus olha por todos nós e que cada um tem uma missão aqui na Terra, logo, se você não tem problemas acolhe com alegria e responsabilidade aqueles que estão sofrendo!!!

Beijo no coração!!!

(Geralda Rodrigues da Rocha é professora aposentada)

Jornal de Sucupira

Um Jornal sério

- Bem, quer ver prá mim quem tá batendo lá fora?

- Batendo no que?

- Uái, na porta, uái...

- Eu num ouvi nada, se você ouviu, cê que vê, ora ora...

- Gente do céu! Pelo amor de Deus...meus queridos

benzinhos, vão dar uma voltinha lá na praça, vão...

- Mãezinha, o paizão falô prá nóis ficá com a mãezona...

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Escola

- Zé Otário...

- Êpa, Zé Otário não, professora. Zé Otávio...Otávio...

- Está muito bem, então me diz: Quem descobriu o Brasil?

- Descobriu como? Ele estava coberto por alguma coisa?

- Vou perguntar de um jeito que você vai entender: quem

chegou aqui antes de todo mundo?

- Aqui, como? Na nossa cidade? Sei lá...

- Você não sai daqui enquanto você não responder: quem foi

o primeiro que chegou aqui no Brasil no ano de 1.500?

- Viche, professora, 1500? Num pode ser um pouco mais

 prá cá, não? Nem meu avô vai sabê disso...

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- E você, Dorofeia...

- Dorofeia, não, professora.

- Ah, é verdade: Dorotéia, o que você pode me dizer sobre

D. Pedro I?

- Como? Dou um peido primeiro? Credo, professora...puuummm...

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Casamento no cartório

- Antônio Casado, o senhor...

-Êpa, casado, não, Cajado...Cajado...

- Está bem, senhor Antônio Cajado, o senhor, consta aqui nos livros,

o senhor foi cajado...

- Êpa,  cajado não, casado.

- Então vai, o senhor é casado...

- Quem? Eu?  Já disse que sou Cajado...

- Ah, é verdade. Mas, aqui nos livros consta que o senhor é casado.

- Vicheee...já vi que este casamento de papeli passado num vai dar certo...

- Vai, sim benzinho, pois já faz 7 anos que tá dando certo, uái...já temo

até treis fiii...

- Treis? Ué, prá mim era quatro...

- Não, bem, o outro é de outro...uái...ora ora... a matemática é essa...

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Religião

- Que religião você é?

- Meu Deus, meu Santo Antônio, Virgem Maria, minha Nossa Senhora...

- Já sei...

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Minhas cidades natais

Lucerna Amendola Serejo

Até os vinte e poucos anos, Ituverava era a minha cidade, meu mundo. Pequeno em extensão mas enorme em minha vivência. Eu deixava qualquer coisa para estar ali junto de minha família e meus amigos que estão gravados e cravados na minha existência.

Hoje tenho outros lugares amorosos de estar:  Rio de Janeiro, Paris e Buenos Aires. Amar um lugar é uma das maneiras muito fortes de sentir a Vida.  Enfim, conhecer a alma, cultura e modos de vida de cada cidade me incluo nela, passo a pertencer a ela.

Atualmente visito o Rio 3 a 4 vezes por ano, mas frequento com assiduidade desde a década de 80. Sempre que eu chego na cidade sinto um estado de euforia, alegria, emoção, começo cantar todas as músicas relativas à cidade. Quando desço no Aeroporto Santos Dumont, não posso deixar de cantarolar o Samba Do Avião de Tom Jobim, minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro, estou morrendo de saudade … é sempre assim a minha entrada na cidade. Meu lar espiritual. 

Passando pela Lagoa Rodrigo de Freitas, não me canso de exclamar em voz alta “ como isso é lindo!!!” Me sinto em casa, conheço a cidade, suas ruas, seu povo que me faz amar seu jeito de ser, seus bares, sua beleza natural, inigualável. Até a música tema que toca no metrô me alegra, me encanta, Sinceramente não sei se outras cidades possuem tema de música no metrô.

Mi Buenos Aires querido, a frase mais clichê mas tão verdadeira pra mim. Adoro visitar os mesmos lugares que conheço tanto, ir a restaurantes e cafés que as pessoas locais frequentam conversar com os mozos- garçons- conhecidos jajaja, saber qual ônibus tomar   pra ir onde quiser.  Eu sei que parece limitação mas não tenho vontade de ir para outra cidade argentina que não seja Buenos Aires. Os portenhos têm uma vida cultural e social ativas, boêmios. São cordiais e não é raro ver pessoas do mesmo sexo se beijarem no rosto quando se encontram. Nunca fui a Buenos Aires para fazer compras! Me encanta a cidade e seu povo, sua arquitetura, sua beleza.

Paris, o primeiro amor. No mundo não vejo nada que se assemelha à capital francesa, ainda berço da civilização, como meu pai a classificava. Sua beleza e todo esplendor, seus bares e cafés, suas ruas, sua vida vibrante, realmente não tenho como contar e descrever o complexo de coisas que vivi ali em termos intelectuais e emocionais. Tudo que dizem negativamente sobre Paris e seus habitantes, não concordo em nada.

De verdade, nunca gostei de ficar muito tempo no mesmo lugar, mas também não era em qualquer lugar que eu gostaria de estar. Conversando com uma amiga, astróloga, contei-lhe que desde a minha infância eu tinha uma visão fantasiosa de que existia um lugar, que eu sentiria como meu e que eu iria com certeza. Algo complicado na cabeça de uma criança, mesmo indo muito a São Paulo desde os 4 anos de idade eu sentia que ali não era o meu lugar. 

Bem, mas voltando à minha amiga astróloga, sou leonina e ela afirmou que por minha Lua estar em Sagitário promove esse meu sentimento tão vivo e atuante, de querer viver em outros lugares, em outras culturas, com outras pessoas, modos distintos de pensamento”, “buscando um significado para as experiências humanas, sentí-las mais intimamente”. Essa foi uma leitura muito fiel à minha maneira de sentir a vida. Minha mãe já me chamava de "la donna è mobile qual piuma al vento”, da ópera Rigoletto de Giuseppe Verdi e também de Juscelino (referente ao Presidente JK que estava sempre num avião). Muitas vezes esse comportamento é julgado como se a pessoa, no caso eu, não soubesse o que quer ou que não se encontra em lugar nenhum. 

  Essas são minhas cidades natais pois em cada uma delas nasci de novo para um mundo interno diferente de descobertas irreversíveis do ponto de vista político, humano que modificaram meu modo de ser e de sentir a Vida.

 Sempre tive disponibilidade pelo desapego, pelo novo, pela diversidade. Nunca olhei pra traz, nunca viraria estátua de sal. (Lucerna Amendola Serejo é ituveravense residente em São Paulo).


                             Memória












Esse time aí na foto era amador, de Ituverava, que surgiu graças ao alfaiate Leonídio Teixeira, nos anos 50, provavelmente. A alfaiataria do Leonídio ficava ali na esquina da Avenida Dr. Soares de Oliveira e a rua Cel. José Nunes da Silva, bem no centrinho da cidade. Ali, hoje se encontra a loja Magazine Luíza.

O time de futebol, na foto, era o Corínthians (de Ituverava, bem entendido) e o Leonídio era o dono, o dono do Corinthians. E quem eram os jogadores aí do Corinthians do Leonídio Teixeira – Leonídio alfaiate? Da esquerda para a direita, em pé, estão Fábio Lacerda, Xim, Rui Lacerda, Ibrahim Alexandre, José Maurício e Orcalino. Agachados: Luiz Amendola, Zé Coimbra, Nino Amendola, Arlindo Gato e Cobrinha. De todos esses craques, ao que parece, só eu, José Maurício Amendola, estou vivo. Caso haja algum erro, desculpe a nossa falha.

Outro importante dado é que o campo de futebol ali não era bem um campo de futebol. Era um terrenão enorme, do tamanho de um quarteirão de terra mesmo, nada de grama, nada de muros. Esse local aí se chamava Praça da Bandeira, mas não foi o prefeito ou os vereadores que nominaram o terrenão, foi o próprio povo mesmo que falava: “É lá na Praça da Bandeira... eu moro ali na Praça da Bandeira...onde havia uma imensa árvore, fora do campo, que se chamava Óleo, e muita gente ficava ali em baixo dela para fugir do sol quente prá burro...

Ali, na Praça da Bandeira, era local para várias atividades do Tiro de Guerra 226, de Ituverava, no tempo do sargento Washington de Sousa Gomes, que ordenava que cantássemos A Jardineira. E nós...Oh, jardineira porque estás tão triste... E lá era local para treinos e jogos de times amadores de Ituverava, pois o campo da Associação estava sendo reconstruído.

E depois disso tudo, ali foi construída a Escola Capitão Antônio Justino Faleiros e virou um local urbanizado. Ainda bem!


Minha Santa Terezinha

José Maurício Amendola

Uma imagem de Santa Terezinha me acompanha ao longo de minha existência, desde menino. A imagem pertencia a minha mãe. Há 50 anos que faço minhas orações junto a Santa Terezinha. Quando eu era criança e tinha dor de dente, eu recorria à Santa Terezinha. Muitas vezes a dor passava e outras vezes ela me encaminhava ao dentista.

Numa prova de Matemática, na quarta série do ginásio, eu precisava de uma boa nota para passar de ano. Rezei tanto para Santa Terezinha que os problemas passados pelo professor João Beber foram sendo resolvidos e solucionados com a maior facilidade. Até o professor estranhou e me perguntou: “Ué, o que aconteceu?”

Acho que todo mundo tem uma santa ou um santo protetor, se não quem suportaria tantas adversidades, não é mesmo?

Há pouco tempo, minha família e eu fizemos uma viagem e ficamos alguns dias fora. Quando voltamos, deparamos com uma notícia chata: havia entrado gente em minha casa e levado algumas coisas.

Sempre pensei que em minha casa ninguém entraria para roubar alguma coisa. Afinal, em minha casa não tem nada que possa render algum dinheiro aos ladrões, pensava eu. Não é que levaram o toca-disco? Acho que ficaram com dó e não levaram as duas caixas de som. Agora não tenho ouvido mais os rocks barulhentos dos filhos, mas era melhor ouvi-los.

Mexeram os “meus amigos” em várias coisas, em várias gavetas e armários. Mas, o que nos chamou a atenção foi o fato de que na cômoda onde se encontra a imagem de Santa Terezinha ninguém mexeu nas gavetas, ficou tudo intacto. Foi como se Santa Terezinha tivesse dito a eles “epa, aqui não”.

O planeta está cheio de mistérios. Quase todo mundo tem alguma coisa misteriosa para contar. Muitas vezes as pessoas não acreditam naquilo que alguém está contando e relatando, mas provavelmente quem conta viu ou percebeu algo diferente, algo que se pode chamar de misterioso.

Quer ver que caso interessante ouvi outro dia?

Nino, meu irmão, disse-me que numa noite destas sentiu vontade de ouvir músicas italianas. Há muito tempo que ele não tocava os discos italianos. Colocou os discos sobre a mesa e começou a escolher as músicas.

De repente, Nino se lembrou do outro irmão, Roberto, que reside há muito tempo em Maceió, Alagoas. Roberto sempre gostou de ouvir e de cantar músicas italianas, as mesmas músicas cantadas hoje por Pavarotti, Plácido Domingo e outros. Nino também sempre foi um cantor de músicas clássicas da Itália.

Pois bem. Nisso o telefone tocou e Nino atendeu. Não é que Roberto, lá na longínqua Maceió, também estava ouvindo músicas italianas e se lembrou do Nino?

Diga a verdade, não é bonita uma coisa dessas? Alguém poderá dizer que isso é coisa de italiano, que italiano é sentimentalista, etc e tal. Mas que é bonito, é. Que é um mistério, também é. (Jornal Regional – 15/02/94)

                     Recordar é viver

Nos anos 80 eu fazia um programa- Jornal do Povo - , na Rádio Cultura de Ituverava, mais ou menos na hora do almoço, que é justamente um horário que todas famílias estavam em casa para o almoço e, logicamente, também ouvindo a Rádio Cultura.
Eu sempre, como hoje, defendendo os direitos do povo, pedia providências do prefeito para resolver os vários problemas do povo.
Pois, bem, revirando um monte de coisas do passado nas minhas gavetas, encontrei esta carta de uma ouvinte.
Foi, daí, que telefonei ao deputado Eduardo Suplicy e pedi a ele que solicitasse à Cesp (Centrais Elétrica do Estado de São Paulo) a instalação da energia elétrica no Jardim Guanabara. Há uns dois anos os moradores dali viviam no escuro, sem energia elétrica.
E não deu outra, só que o Suplicy me pediu que fizesse um abaixo-assinado do povo daquele bairro pedindo a tão sonhada energia elétrica.
Então, eu pedi para um morador dali que ele fosse de casa em casa pedindo a assinatura para confirmar a reclamação. Passados dois ou três dias fui lá para pegar o abaixo-assinado e o rapaz me disse que ninguém quis assinar por medo das autoridades locais. Daí, eu peguei o papel e fui de casa em casa, expliquei direitinho e, aí, todo mundo assinou. E então enviei para o Suplicy e pedindo que a Cesp não comunicasse à Prefeitura sobre tal fato.
Não é que poucos dias depois fui informado que o pessoal da Cesp estava lá no Guanabara instalando a tão sonhada energia elétrica para a alegria de todos os seus moradores.

         


3 comentários:

  1. Parabéns , José Maurício, gosto muito do seu Jornal, faz tempo que não vejo . Gostei de saber , que foi você ,que conseguiu levar a energia elétrica para o Bairro Guanabara, há muitos anos.

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  2. Amei saber notícias de Ituverava morei aí 20 anos fiz muitos amigos

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